Entrevista com Bruno Murtinho, um dos sócios do grupo 4 Estações.

Para saber mais sobre legendagem eletrônica, visite o site do 4 Estações.

jmbrasil: O que a 4 Estações tem feito? Quais são os próximos projetos da 4 Estações?
Bruno Murtinho: Temos, basicamente trabalhado com legendagem eletrônica de mostras e festivais de cinema em todo o Brasil. A 4Estações surgiu em 2004 quando Isa Carvalho, César Alarcón e eu nos juntamos para assumir a coordenação do Festival do Rio. Nesse período, a Daniela Dias estava conosco e era a “quarta estação” Todos nós tínhamos trabalhado muitos anos como tradutores e lançadores de legenda no Festival. À partir daí, fomos fazendo diversas mostras de pequeno e médio porte. Este ano, vamos fazer o Festival do Rio pela terceira vez seguida e a Mostra de São Paulo pela segunda. Estes são os dois maiores festivais do país com mais de 200 filmes cada um. De um tempo para cá, passamos a prestar serviços de interpretação simultânea e consecutiva para palestras e debates, uma demanda de alguns eventos para os quais prestávamos serviços. Assim, podemos apresentar um pacote completo na área de tradução, incluindo aí, tradução dos catálogos e afins.

jmbrasil: Um serviço interessante oferecido por vocês é o de legendagem de peças de teatro e de óperas. Como isso funciona? O que o público acha da experiência de assistir a uma peça de teatro ou ópera legendada?
Bruno Murtinho: Ópera, na verdade, nunca fizemos. E com teatro, apenas tivemos poucas experiências. Estamos tentando expandir essa área este ano. Legendar teatro tem suas peculiaridades, pois o texto original vai sendo mudado ao longo de uma temporada com cacos e supressões de texto. Então, quando pegamos um trabalho, o ideal é assistir ao ensaio para fazer alguns ajustes e conhecer bem a peça. Isso é importante, pois se um ator esquece o texto e pula um pedaço, saberemos onde procurar.

jmbrasil: No que diz respeito ao trabalho do tradutor, quais as diferenças entre legendagem eletrônica e legendagem feita para TV?
Bruno Murtinho: Na legendagem eletrônica, um lançador fica dentro da sala, projetando as legendas (já traduzidas, claro) em tempo real à medida que o filme vai rolando. Na maioria das vezes, o lançador não teve a oportunidade de assistir ao filme antes, então, ele se guia por dicas, ou indicações visuais de cenas para ele poder acompanhar o que acontece. É muito curioso, pois isso permite que você lance um filme de uma língua exótica como japonês, russo ou farsi, sem entender uma palavra e sem uma legenda em inglês na tela como referência.

Por isso, há algumas diferenças em relação ao trabalho para TV, normalmente, a legenda é maior e fica aparente por mais tempo. Isso acontece para que o lançador tenha mais tranqüilidade para dar a entrada e saída da legenda. Atualmente, trabalhamos com limite de 37 caracteres por linha. A TV trabalha com trinta ou trinta e poucos. Ainda assim, é menor do que na tradução para a queima de legendas em película, que é de 42 caracteres.

O grande problema é quando a versão da VHS que veio para o tradutor é diferente da versão do filme em 35mm. Aí, o lançador pode se perder, mas acaba se achando. Quem já foi a um festival de cinema, é nesse momento e que as pessoas reclamam: “Cadê a legenda!” Não é um trabalho fácil, mas é bastante divertido.

jmbrasil: Vocês contratam tradutores de todo o Brasil? Como fazer para procurar vocês?
Bruno Murtinho: Atualmente, temos uma equipe no Rio e outra em São Paulo. Normalmente, trabalhamos com esse pessoal, mas também temos tradutores ou lançadores em Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e em Brasília. Se alguém quiser nos procurar, é só mandar um e-mail para 4estacoes@legendagem.net ou visitar nosso site www.legendagem.net.

jmbrasil: Vocês aceitam arquivos de legendas feitos com que programas?
Bruno Murtinho: Muitas vezes, recebemos traduções de filmes em formatos de vários tipos de arquivos. Às vezes até em texto corrido ou em papel. Isso acontece muito com filmes clássicos. Mas em qualquer um dos casos, é necessário adaptar para o formato que utilizamos, realizar uma análise do material recebido para ver se bate com a versão que temos e inserir as dicas de cenas para o lançador se guiar.

jmbrasil: Os tradutores recebem por caracteres ou por minutagem?
Bruno Murtinho: Nós pagamos um valor fixo por longa ou por blocos de 10 minutos, depende do que conseguimos negociar com o evento. Creio que para o tradutor, o pagamento por tempo seja melhor. Atualmente, pagamos mais do que se paga na TV. Eu soube de tentativas de se pagar por caracteres e na base do que se paga na televisão, mas isso não deu certo, e por sorte, foi rechaçado pelo mercado. Mas estamos conseguindo valores melhores. Como nós três somos tradutores, é sempre interesse nosso, podermos pagar e receber um valor justo pelas traduções.

Written by legendar on July 22nd, 2006 with 3 comments.
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3 comments

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#1. July 25th, 2006, at 8:49 PM.

Parabéns pela entrevista, Bruno. Sucesso!

Get your own gravatar by visiting gravatar.com Lex
#2. October 2nd, 2007, at 8:43 AM.

Oops, ‘a partir’ com crase. = )

Get your own gravatar by visiting gravatar.com jmbrasil
#3. October 4th, 2007, at 11:03 AM.

Consertardo! 🙂

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